Reserva de Emergência: O que é, qual a importância e como montar?

Por mais organizado que seja o seu planejamento financeiro, é importante ter consciência de que os gastos extras sempre aparecem em determinados momentos da nossa vida. Uma falha mecânica do seu carro, manutenção da casa, problemas de saúde na família. Diversos fatores que o levam a despender de uma quantia considerável quando menos se espera.

A principal característica dessas despesas é justamente a urgência: você precisa do dinheiro rápido e não há muito como protelar. Uma das regras básicas do bom senso financeiro diz que devemos ter uma reserva de emergência para gastos e despesas imprevistas. Ela pode ser a sua melhor solução frente a um problema e uma boa maneira de construir um patrimônio financeiro!

Nesse artigo, explicaremos a você a importância de montar uma reserva de emergência e também como você pode começar. Continue lendo:

reserva de emergência

O que é uma reserva de emergência?

A reserva de emergência, também conhecida como fundo de emergência, é um dinheiro guardado para ser usado apenas com gastos imprevistos, como uma situação de desemprego, por exemplo.

Esta é uma poupança guardada para cobrir despesas fixas em casos de imprevistos. A reserva de emergência é uma espécie de proteção contra situações inesperadas. Ou seja, esta poupança será seu porto seguro caso ocorra qualquer acontecimento que não estava nos planos.

Mais do que isso, é a reserva de emergência que vai te proteger de se endividar e acabar gastando mais ainda por conta dos juros. Por esta razão, a reserva de emergências deve ser o primeiro investimento de qualquer pessoa.

Angela Nunes, planejadora financeira da CFP, define essa economia como uma reserva de tranquilidade, por dar fôlego financeiro em momentos críticos. “Um exemplo disso foi a pandemia. Muitas pessoas tiveram a renda reduzida ou até ficaram sem ela. Com certeza, quem tinha reserva de emergência teve mais tranquilidade para gerenciar esse período tão crítico.”

Afinal, não adianta investir em ações ou pensar na aposentadoria sem antes guardar uma reserva para as necessidades imediatas. Senão, o patrimônio formado para outros fins pode ser ameaçado.

Por que ter uma reserva de emergência?

Embora se saiba que é importante ter uma reserva financeira para momentos de emergência, apenas uma pequena parte das pessoas segue a sugestão. Os educadores financeiros orientam que se deve guardar o montante equivalente a pelo menos 6 meses de despesas mensais para utilizar quando estiverem passando por um período de dificuldade financeira.

A grande maioria acaba comprometendo toda a renda ou gastando o que resta com objetos de satisfação pessoal e imediata. É muito comum que o brasileiro pense que recorrer aos bancos e assumir dívidas é um comportamento normal e esperado. E é exatamente por isso que os bancos brasileiros estão entre os mais rentáveis do mundo.

Recorrer ao uso do cartão de crédito, cheque especial ou empréstimos consignados pode deixar você em dívida por muito tempo. A reserva de emergência é a melhor opção para não entrar em dívidas e ainda ter uma segurança financeira maior.

Qual a importância de uma reserva de emergência?

A reserva de emergência é o ponto de partida para o planejamento financeiro e, consequentemente, para uma vida financeira saudável e para o controle financeiro de um negócio. Ao ter essa reserva financeira, é garantido uma maior segurança na vida pessoal ou profissional, afinal, é possível recuperar-se financeiramente após uma perda de uma fonte de renda de forma mais tranquila, sem entrar em endividamentos.

O que influencia o valor de uma reserva de emergência?

Inúmeros fatores podem influenciar no valor da reserva de emergência. O nível de empregabilidade é o fato principal a levar em consideração. Além disso, o modelo de trabalho e o mercado devem ser analisados. Caso você trabalhe em uma área com muitas vagas disponíveis, esteja sempre atualizado e tenha contatos, talvez não seja necessário manter uma reserva de emergência tão grande.

O número de dependentes, pessoas que dependem de você, como filhos, pais, avós e cônjuge, também influencia no valor da reserva. Quanto mais pessoas dependerem de você, maior a sua reserva de emergência deve ser.

Também é importante levar em conta se você possui uma rede de apoio. Você tem com quem contar caso perca o emprego? Mora sozinho? Caso não consiga arcar com as despesas, têm para onde ir?

Você também deve dar atenção ao próprio comportamento com o dinheiro. Você consegue reduzir custos rapidamente e fazer a reserva durar mais? Saberia viver com um dinheiro mais limitado? A forma como lida com seus recursos influencia o valor da reserva. Quanto maior sua dificuldade de cortar custos e fazer mudanças no seu orçamento, maior deve ser o valor para emergências. 

Quanto guardar?

O aconselhável é que a sua reserva de emergência consiga cobrir e manter o seu padrão de vida por aproximadamente 6 a 12 meses. Então se, por exemplo, você tiver uma despesa mensal de R$ 2 mil reais por mês, o ideal é que sua reserva de seis meses seja de R$ 12 mil reais. No mais otimista dos casos, o legal é que você consiga juntar R$ 24 mil.

Pode ser que você demore um pouco mais para juntar essa quantia, mas o valor total será maior do que uma reserva construída com base nas suas despesas

Como montar a reserva de emergência?

Veja, a seguir, como criar uma reserva financeira!

Coloque as contas em dia

Se você deseja começar a acumular dinheiro, o primeiro passo é colocar as contas em dia. Não pense em guardar dinheiro se você está gastando mais do que ganha e se não sabe exatamente quais são suas receitas e despesas. Faça o possível para se livrar primeiro de dívidas mais altas, como juros rotativos do cartão de crédito e cheque especial.

Faça o cálculo

Para calcular as suas despesas, faça uma soma dos gastos fixos e variáveis que você tem todos os meses. Aí entram aluguel, condomínio, luz, água, telefone, internet e outros. Também inclui uma média das despesas variáveis, como alimentação, farmácia, transporte e cartão de crédito. Depois verifique onde você gasta mais e defina aquilo que pode ser eliminado.

Regra dos 50-15-35

A partir deste terceiro ponto, você pode voltar a assumir o controle de suas finanças, estabelecendo metas para cada uma das suas despesas. Tente colocar em prática a regra dos 50-15-35, onde divide-se a renda em 3 grandes grupos:

  • Gastos essenciais: aqueles necessários para a sua manutenção no dia a dia, como alimentação, moradia, transporte, saúde e educação; Metade da sua renda (50%) deve ser destinada a eles;
  • Prioridades financeiras: se você tem dívidas, a principal prioridade deve ser quitá-las. Se não, poupar para construir sua reserva para emergências. Se você já tem uma reserva financeira, poupe para outros objetivos; 15% da sua renda deve ser reservada a elas;
  • Qualidade de vida: estes gastos não são imprescindíveis, mas permitem que você aproveite mais a vida; 35% da renda deve ser direcionada para isso.

Onde investir a reserva de emergência

No momento de definir onde a reserva de emergência será investida, é preciso priorizar a liquidez, e não a rentabilidade. Pois, o intuito da reserva de emergência é estar disponível para ser resgatado a qualquer momento, em uma situação de emergência. Por isso, o ideal é que o dinheiro seja aplicado em investimentos de alta liquidez (grande facilidade de saque) e conservadoras.

Talvez você esteja se perguntando, “a poupança é uma boa opção?” De acordo com especialistas, “a poupança é o pior investimento. Pois, está pagando 70% do CDI.”

Ainda de acordo com os especialistas, o ideal é que você priorize 4 aspectos para investir na reserva de emergência. Veja abaixo!

Fatores essenciais para escolher um investimento para sua reserva de emergência

1. Liquidez: facilidade de sacar o dinheiro a qualquer momento;

2. Baixo custo: apresentar baixos custos administrativos e de Imposto de Renda;

3. Segurança: ter cobertura do FGC ou oferecer mecanismos de segurança;

4. Baixa volatilidade: não ter grandes oscilações no patrimônio.

Como calcular a reserva de emergência?

Para calcular o valor da sua reserva emergencial ideal, é preciso considerar o total das suas despesas fixas e multiplicar pelo número de meses que você irá definir.

Os especialistas recomendam que a reserva de emergência seja composta por valores correspondentes a entre 6 e 18 meses do seu custo de vida atual, considerando as despesas básicas.

Mas por que uma diferença tão grande entre o número de meses recomendados? Isto acontece, pois, o número ideal varia de acordo com alguns fatores na vida de cada pessoa que determinam o quão estável é a sua renda e suas despesas.

Por esta razão, quanto maior for a instabilidade da sua renda e demais fatores da sua vida, maior deve ser a reserva de emergência. Assim sendo, considere os seguintes fatores para determinar o número de meses da sua reserva de emergência:

  • Estabilidade no emprego;
  • Nível de empregabilidade da sua área de atuação;
  • Número de filhos, dependentes e animais de estimação;
  • Possibilidade de ter gastos imprevistos por desgaste em casa e carro próprios;
  • O quão bem você e seus familiares cuidam da saúde;
  • Dívidas e parcelamentos já assumidos;
  • Se você tem ou não tendência a se descontrolar financeiramente.

Quando usar a reserva? 

Assim como o nome sugere, a reserva de emergência deve ser utilizada apenas em momentos de emergência. Alguma dessas situações de emergência podem ser:

No âmbito pessoal

  • Desemprego/demissão;
  • Acometimento por doença;
  • Gastos com saúde em que o plano não cobre e há urgência;
  • Atendimento veterinário urgente para o pet;
  • Manutenção ou reparos inadiáveis na casa e no carro.

No âmbito profissional

  • Problema de saúde que impossibilita o dono do negócio a abrir seu estabelecimento;
  • Quebra de um equipamento essencial para a realização das tarefas;
  • Demissão inesperada de um funcionário.

Problemas de uma reserva mal elaborada

Como dissemos ao decorrer do texto, contar com uma reserva em casos de emergência é muito importante. No entanto, é preciso que esta reserva esteja bem dimensionada aos seus gastos mensais. Além disso, é necessário que esta reserva seja constantemente atualizada, afinal, nossos gastos fixos podem mudar, e se não houver um aumento proporcional da reserva, talvez ela não seja suficiente para suportar os gastos necessários deste período.

Entretanto, este não é o único caso de uma reserva mal elaborada. Possuir investimentos diversificados e com valor superior ao necessário para a reserva de emergência, mas que não oferecem liquidez também podem causar mais problemas, em vez de solucioná-los, em um momento de urgência.

Investimentos como a LCI ou o plano de previdência privada penalizam a rentabilidade caso seja necessário um saque antecipado. Embora sejam relativamente líquidas, uma carteira de ações também são muito voláteis e, talvez, possa acontecer da ação ser vendida em um preço muito abaixo do esperado.

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Dicas para começar a montar e reserva de emergência

Está decidido que vai começar a montar a sua reserva de emergência? Confira, a seguir, algumas dicas que te ajudarão a guardar e investir este dinheiro!

Organize seus gastos e faça seu orçamento

Não dá para você separar um dinheiro para emergência se não sabe exatamente o quanto gasta por mês. É exatamente por isso que a organização financeira é a primeira etapa para montar sua reserva de emergência. É preciso que você separe suas contas fixas, as variáveis e custos extras e registre todos esses gastos.

Por exemplo:

  • Moradia: luz, água, aluguel, gás, telefone e internet.
  • Alimentação: delivery, supermercado e restaurante;
  • Transporte: gasolina, ônibus ou aplicativos de corrida
  • Lazer: cinema, restaurante, balada ou festas;
  • Outros gastos: plano de saúde, cartão de crédito ou crediário.

Reveja seus hábitos de consumo

Após organizar seus gastos, será possível visualizar quais gastos são essenciais e quais podem ser cortados. Assim, você irá reduzir custos e diminuir os gastos que não são essenciais, como, por exemplo, roupas, eletrônicos e decorações.

Livre-se das dívidas

A quitação de dívidas é fundamental para uma boa saúde financeira. Após se livrar do endividamento, é onde surge a oportunidade de economizar e montar a sua reserva de emergência.

Para se livrar das dívidas, é necessário descobrir o valor total delas e ter um plano de ação. Tente negociar o parcelamento ou diminuir o valor total da pendência. Caso seja necessário escolher quais contas pagar primeiro, opte sempre pelas que possuem juros mais altos.

Coloque tudo em uma tabela

Para fazer a sua reserva de emergência, primeiro defina quanto você precisa ter como reserva. 

O ideal é que você faça isso após fazer sua planilha de gastos mensais e ajustar as despesas. Assim você saberá exatamente quanto precisa de dinheiro para viver.

Depois dessa meta definida, comece a poupar todos os meses. Com base na sua tabela de gastos mensais, encaixe a maior quantia possível para atingir a meta final o quanto antes.

Defina o valor da reserva de emergência

Como dito anteriormente, a sua reserva precisa ser sempre a quantidade de meses multiplicada pelo seu custo de vida. Por exemplo, se você tem um custo de R$ 2.500,00 mensalmente, a sua reserva de seis meses precisa ser de R$ 15.000,00. 

Se você destinar por volta de 10% do seu custo de vida para a reserva, ou seja, R$ 250,00, em até cinco anos você poderá obter o valor da reserva de emergência.

Embora este período pareça grande, você pode aumentar o percentual de que irá guardar mensalmente, ou até mesmo usar o 13º salário para a reserva. Este hábito te ajudará a resguardar e poupar dinheiro, criando uma inteligência financeira.

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